nervocalm gotas

23 de junho de 2007

Posso ser má? Quando vi o 'movimento' desocupando a reitoria da UdeSP, só deu pra pensar "pois é, ninguém quer perder as férias de julho". Mas a gente não pode implicar tanto, né? Esse tipo de protesto é praticamente um estágio pros estudantes de ciências sociais. Como muito diz Bopla, é tudo meio de vida.

21 de junho de 2007

Ok, Bopla viu placa de aluga noutro prédio da minha antiga rua, o preço é razoável, nem vimos o apartamento nem nada, mas eu já me sinto comendo tapioca de novo na feirinha de sábado, ao sol. Desaposentarei meu horrendo carrinho dourado, arrastare-i-o alegremente rua abaixo, os passantes sorrirão welcome home! e os feirantes romperão em dança e cantoria.

Existe vida além do buraco!

20 de junho de 2007

notas do passatempo novo

O Buddy Holly me lembrou de fotos do meu pai bem novinho. Os mesmos óculos. Não tenho as fotos de papá aqui pra fazer uma comparação lado-a-lado. Saudade de papá.

Eu detesto a voz do Elvis Presley. E os arranjos. E a figura.

Não ouço cantoras quase nunca. Quase nunca uma voz feminina.

Tento ouvir uns rocks-blues, mas me vem aquela cena de Ghost World em que o Seymour tá falando de blues com a mulezinha do bar, e sobe uma banda blerg no palco e ela levanta da mesa e sai rebolando de um jeito repulsivo. Só me vem o rebolado na cabeça. Aí, não consigo ouvir. Mas quando toca Robert Johnson, eu me sinto a Enid ouvindo Devil Took My Woman no quarto. É uma cena tão macia e quentinha...

Twangy guitar, Bopla me ensinou. I like twangy guitar.

18 de junho de 2007

Trabalha dez minutos, viaja quinze. Trabalha dez minutos, navega trinta. Trabalha dez minutos, se espreguiça, geme, levanta, vai até a janela, vai pra cozinha, faz café, estuda a cozinha, olha a outra janela, volta pro computador, toma o café, navega mais vinte, viaja mais cinco, tenta achar uma desculpa, um jeito de escapar, nada. Trabalha dez minutos...

17 de junho de 2007

Voltamos hoje à nossa antiga rua, pra almoçar no restaurante que fica em frente ao nosso antigo prédio, e nosso antigo apartamento estava pra alugar, o próprio. Conversamos com nosso antigo porteiro camarada que nos deixou entrar. O apartamento continua igual, fora o pretume que o último morador deixou no banheiro amarelo e o pedaço do carpete verde que alguém rasgou pra revelar... um piso de taco. A antiga cozinha continua pequena demais pra eu querer voltar correndo, mas eu quase quis voltar correndo. E quando saí do hall de entrada para o ar livre, que saudade me deu de sair de um hall de entrada para o ar livre. Ninguém é feliz entrando em casa pela garagem, ninguém é feliz saindo na rua pelo escuro. Mas no geral, que saudade. Saudade de quem a gente era lá, saudade da nossa vida lá, saudade de tudo.

12 de junho de 2007

- Que poder mágico você gostaria de ter?
- Ficar invisível.
- Ah.
- Não, esse eu já tenho! Como eu sou sem imaginação. Éééé...
- ?
- Teletransporte! Óbvio que é teletransporte! Dã. Teletransporte é tudo nessa vida. Cê não acha?
- É mesmo.
- E o colar de parar o tempo do Twilight Zone.


10 de junho de 2007

efeito dos diferentes tipos de música
tocados na vizinhança em alto volume
sobre meu sistema cardiopsiconervoso reativo
de acordo com as medições e análises do pavorímetro de b.


funk . aumento escala 4 nos batimentos cardíacos; irritação não seguida de pânico, pois o funk é a música dos carros que passam pela rua, mas passam; sensação de repulsa e descrença na humanidade.

forró . aumento escala 8 nos batimentos cardíacos; irritação seguida de pânico, pois a chance de ser uma churrascada improvisada ou qualquer outro tipo de aglomeração festiva é grande e, nesse caso, o forró se estenderá por horas; sensação de não-pertencimento à humanidade.

dance music . aumento escala 6 nos batimentos cardíacos; irritação intensa seguida de fantasias violentas; vontade de aniquilar grande parte da humanidade com técnicas cruéis.

sertaneja . aumento escala 8,5 nos batimentos cardíacos; pânico instantâneo [vide motivo forró acima + a constatação de que o fã de sertanejo é uma criatura de hábito] seguido de depressão aguda; sensação de ter sido transportada para a pior rua da mais triste periferia de uma cidadezinha do interior do cu do mundo, de onde jamais poderei sair.

...

Nonstop noise. Murderous thoughts.

6 de junho de 2007

eu queria ver agora

Aquela cena de Mulholland Drive com a mulé cantando uma versão de Crying em espanhol.

Ah, e dá.

Soltaram o dr. Kevorkian, um herói do nosso tempo.
Go, doctor Kevorkian, go!

4 de junho de 2007

Cranky, cranky, cranky e mamãe-eu-quero-dar-um-grito.

Decitron, o robô decididor. Ou uma marreta. Duas alternativas válidas.

O novo Telecine Light passando Minha Vida Sem Mim. Lightíssimo do mesmo jeito que O Último Americano Virgem é cult.

É só segunda-feira e minha cabeça já fundiu.

Eu chorei muito em Minha Vida Sem Mim, e me envergonho. Ele força um pouco. Tem uma história de gêmeos siameses de sexos diferentes. Whatever. Eu chorei horrores. "I'll never get to see those places." Horrores.

Meu remédio pra tudo: banho quente. Dor de cabeça: banho quente. Dor de estômago: banho quente. Cansaço: banho quente. Tristeza: banho quente. Sempre no escuro. Mas é inverno e minha pela resseca e fica ferida e dá preguiça de passar creme no frio e não dá pra tomar o terceiro banho quente do dia, dessa vez pra crankiness e angústia.

Não existe mais água de melissa Granado.

1 de junho de 2007

Mas no meio de tanta volta e tanto empata, uma vantagem: meu cérebro desenvolveu a notável habilidade da matemática otimista. Funciona assim: a tradução do dia tem 24 páginas; durante a revisão, eu chego à oitava, ou seja, um terço do caminho; porém, meu cerebrinho camarada arredonda o 8 pra 10 e o 24 pra 20 e anuncia "você já está na metade!". Abre-se um sorriso no meu rosto.

Preciso muito tomar um Malabarex pra conseguir lidar com mais de uma coisa ao mesmo tempo. O caso é grave. Não consigo me concentrar no trabalho agora porque tenho que fazer exame amanhã. Vou acabar não fazendo exame amanhã porque tenho que planejar uma viagem pra setembro. Vou acabar não planejando a viagem porque tenho que decidir se mudo antes ou depois. Vou acabar não mudando nunca porque não saio pra procurar apartamento. Não saio pra procurar apartamento porque tenho que trabalhar. Não consigo trabalhar porque tenho que procurar apartamento. E fazer exame. E pensar em viajar em setembro. E me preocupar com a queda de cabelo. Uf.

Será que existe grupo de apoio pra isso? Encucados Crônicos Anônimos? Programa de doze passos? Implante cerebral de botão on/off? É disso que tratam aqueles anúncios de 'desata nós'? Ou minha cabeça vai pra sempre rodar e rodar sem sair do lugar?