nervocalm gotas

31 de março de 2007

engrossar foi minha ruína

Eis o épico da minha vida culinária. Eu adoro cozinhar, pessoas. Eu gosto do trabalho que dá. Eu pico todos os legumes e temperos um a um com alegria. Eu limpo pimentões tostados diretamente na chama e sujo a cozinha inteira de fuligem porque vale a pena. Eu me emociono ao deixar ensopados cozinhando lentalentamente no fogão. Mas não me peçam pra engrossar caldos. Não me peçam pra engrossar nada. Que eu não tenho prazer, alegria, paciência e nem, acima de tudo, fé nessa empreitada. Eu nunca acredito que vai dar certo. E nunca dá.

28 de março de 2007

my pet
follows me everywhere, 24/7

27 de março de 2007

coisas que eu odeio em mim

Minhas axilas viram cascatas quando eu fico nervosa.

Eu fico nervosa só de escrever um e-mail de trabalho
de cinco linhas sobre dinheiro.

Eu não sei tratar de dinheiro.

Eu me arrependo imediatamente
de quase todas as palavras que saem de mim.

Eu só penso na coisa certa pra dizer
quando é tarde demais.

24 de março de 2007

Toda vez que eu e Bopla pegamos The Green Mile passando na televisão, nós assistimos. Toda vez. Por que será? É estranho eu achar aquele corredor da morte super aconchegante?

22 de março de 2007

Estou aqui me lembrando da livraria, e de tudo que eu via e ouvia diariamente na livraria, e pensando que a demissão pode não ter sido a melhor decisão que eu já tomei na vida. De vez em quando eu volto lá e vejo os livros que eu li ainda na estante, o mesmo único exemplar que eles tinham ainda na estante, seis anos depois. Me dá vontade de trazer eles comigo. Acho que vou lá buscar o Bad Seed. Ninguém nunca vai comprar o Bad Seed, mesmo com a capa sendo tão legal. Nem quem viu o filme. Decidiram filmar a história nos anos 50, quando não se podia filmar a história. Rhoda fulminada por um raio e os atores desfilando sorrisos pra mostrar que foi tudo brincadeirinha. É muito engraçado. É uma pena. Eu aprendia coisas na livraria. Eu lia coisas que não leio mais. Eu li James Ellroy e gostei. Eu li a melhor compilação de textos do Poe, que era da Penguin, alguém levou e eu nunca mais achei. Eu li um livro da Doris Lessing que até hoje me assombra, principalmente quando surgem certas conversas sobre o futuro. Eu dava umas fugidas pra seção de filosofia e lia trechos de livros caros que eu jamais poderia comprar. E eu comprei muitos livros, muitos, com nosso parco desconto de funcionários. Os funcionários, essas foram as melhores pessoas que eu deixei escapar da minha vida. Minha vida era mais rica. Não só em férias, décimo-terceiro e bônus de natal.

21 de março de 2007

Não existe conserto de laptop, o que existe é seqüestro. Eles pegam seu filho, que calha também de ser o arrimo da família, levam pra um lugar distante, que você não sabe onde fica, e mandam você ficar grudada no telefone, que eles vão ligar com o valor do res...orçamento "amanhã sem falta". Passam-se semanas sem notícia. Você não dorme, fica com a vida empatada, se desespera, tenta argumentar com o bando. Nada. Meses depois, eles sacam um preço esdrúxulo do alto de sua sem-vergonhice, dão pro seqüestrado uma garantia de vida menor que o tempo que ele passou em cativeiro, e ainda cobram a estadia e os supostos serviços prestados.

Sabem quanto eu ganharia se demorasse mais de mês pra entregar um serviço? Pois é.

Olha que estou só antecipando o final. Estou no meio do caminho ainda. Passou um mesinho só, coisa à toa. Um mês pra me darem uma idéia aproximada do resgate e uma data de libertação pra daqui outro mês. Põe aí mês e meio, dois.

Sabem onde eu estaria se não cumprisse meus prazos? Pois é.

Com a dura consciência de ser mais uma trouxa num mundo de espertos, vou ali à cozinha, tchau, tomar meu último Sonhare da cartela.

20 de março de 2007

Todos os dias, eu acordo, abro os olhos, penso "ê, bosta", levanto, faço café, pego o jornal atrás da porta e começo a me preocupar com as preocupações do dia. À hora em que o café fica pronto, eu já comecei a roer as unhas. Aí eu me vejo no sofá, com o jornal aberto no colo, o café numa mão e cinco unhas na outra. Café ou unha? Café ou unha? Café ou unha? (Tomar um gole de café e roer a unha em seguida é ruim. Ela fica toda preta e quente e mole.)

Meus começos de dia são assim, entre o café e as unhas. Geralmente, as unhas vencem.

17 de março de 2007

Quero minha agressividade de volta.

15 de março de 2007

Obrigada, Bolops, por me levar ao parque de diversões. I had a great time.

Eu tenho um desejo intenso, quase uma necessidade, de ser entrevistada. Por gente que eu conheço.

12 de março de 2007

Este foi meu primeiro fim de semana sábado-e-domingo sem trabalho em sei lá quantos mais de seis meses. Eu preciso mudar. Lobotomia já.

Eu tinha outras coisas pra falar também, mas são meio tétricas e eu já comecei a me censurar. Não vai dar certo. Não vai dar certo, Lippy.

Enfim, eu ia encerrar minha participação com uma daquelas barrinhas que tocam musiquinha, pra imitar as gentes mais descoladas que eu vejo por aí. Problema é que lá não havia nenhuma, nenhuminha, das músicas que eu procurei. Mas não vou mais reclamar. Hoje.

Minha rua está com cheiro de esgoto.

10 de março de 2007

Se o Laerte é melhor que todos os outros cartunistas da Folha juntos, por que, ó, por que a Folha tem que colocar logo a tirinha dele bem na dobra do jornal?

9 de março de 2007

preciso muito

De um secretário, pra fazer todas as coisas burocráticas e adultas da minha vida, porque minha preguiça impede e minha incompetência assusta.

De um investidor, pra fazer meu pouco dinheiro dar dinheirinhos. Dinheiro que vive só de pagar conta é dinheiro triste.

De um figurinista, pra me arrumar todas as roupas floridas e fofas que eu vejo na televisão e no cinema, mas nunca encontro na vida real.

De um psicólogo que atenda perto e de graça.

Por enquanto, posso só ir pra cama e não trabalhar?

5 de março de 2007

Hoje eu passei no meio de cinco policiais armados e suas motos. Pensei, mas perdi a oportunidade de dizer shoot me, shoot me now. Pena.

for future reference: you idiot.

Tá, agora eu já vi o Massacre da Serra original. Respeitei. Bem violento no final, não por causa de sangue, serra, monstro, nada, mas porque parece um snuff, assim de leve. E os gritos da menina são bastante aflitivos. Aquela atriz nasceu pra gritar, Oscar nela. É óbvio que o Leatherface tem um quê de ridiculão, mas o filme não se confunde propositalmente com comédia, mania que é a praga dos filmes de terror de lá pra cá. Enfim, preenchida essa grave lacuna na minha formação intelectual, let's move on.

E por falar nisso, dada as horas que já passei diante da seção de terror nas locadoras, não sei como eu não despertei várias paixões nessa vida. Se eu me visse ali pegando filme de terror, eu me apaixonava por mim.