nervocalm gotas

22 de março de 2007

Estou aqui me lembrando da livraria, e de tudo que eu via e ouvia diariamente na livraria, e pensando que a demissão pode não ter sido a melhor decisão que eu já tomei na vida. De vez em quando eu volto lá e vejo os livros que eu li ainda na estante, o mesmo único exemplar que eles tinham ainda na estante, seis anos depois. Me dá vontade de trazer eles comigo. Acho que vou lá buscar o Bad Seed. Ninguém nunca vai comprar o Bad Seed, mesmo com a capa sendo tão legal. Nem quem viu o filme. Decidiram filmar a história nos anos 50, quando não se podia filmar a história. Rhoda fulminada por um raio e os atores desfilando sorrisos pra mostrar que foi tudo brincadeirinha. É muito engraçado. É uma pena. Eu aprendia coisas na livraria. Eu lia coisas que não leio mais. Eu li James Ellroy e gostei. Eu li a melhor compilação de textos do Poe, que era da Penguin, alguém levou e eu nunca mais achei. Eu li um livro da Doris Lessing que até hoje me assombra, principalmente quando surgem certas conversas sobre o futuro. Eu dava umas fugidas pra seção de filosofia e lia trechos de livros caros que eu jamais poderia comprar. E eu comprei muitos livros, muitos, com nosso parco desconto de funcionários. Os funcionários, essas foram as melhores pessoas que eu deixei escapar da minha vida. Minha vida era mais rica. Não só em férias, décimo-terceiro e bônus de natal.

11 Comments:

  • E não é?

    By Blogger A Dona do Bloguinho, at 23 de março de 2007 às 16:15  

  • É...é duro olhar pra trás e ver que a gente deveria ter feito diferente. Penso muito nisso.
    Me agrada a forma como vc passa as coisas.

    Abraços,

    By Blogger Sara Graciano, at 24 de março de 2007 às 12:28  

  • Thank you, people.

    By Anonymous Anônimo, at 25 de março de 2007 às 13:00  

  • existe uma livraria que eu vou habitualmente e cada vez que entro la fico angustiado pela quantidade de coisas que gostaria de ler e nao poderei ....
    se vc teve oportunidades de ter lido tudo isso enquanto trabalhava la, considere-se com sorte

    By Anonymous Anônimo, at 26 de março de 2007 às 14:37  

  • Pois é, Alejandro. Eu também espanava eles todos os dias de manhã.

    By Anonymous Anônimo, at 27 de março de 2007 às 20:07  

  • Volta, uai.

    By Anonymous Anônimo, at 28 de março de 2007 às 19:38  

  • Não dá pra voltar. Tem que ir pra frente.

    By Anonymous Anônimo, at 28 de março de 2007 às 19:41  

  • E já pensou em ter sua própria livraria com ambientes aconchegantes e tal? Tudo projetadinho pra atender o perfil do seu cliente e claro, o seu e de sua equipe de funcionários? Acho tão legal pessoas que gostam do que fazem, do que vendem, entende?

    A maioria que eu entro é sempre meio bagunçada, talvez mais arrumadinha na frente, mas quando a gente vai indo mais pro fundo...as coisas vão se tornando um tanto escuras, sabe.

    Eu sou uma apaixonada por filatélicas e encontro nelas o mesmo problema, adoraria entrar numa onde eu pudesse sentar e escolher meus selos, compará-los à edições passadas, ouvir sobre as séries, pq sempre tem uma história,né. E eu penso que isso tudo me faria comprar mais.

    Mas o que eu encontro sempre são aquelas lojas de portas fechadas, escuras, feias...o que me faz retornar sempre? O acervo ,apenas isso. Uma pena...

    By Blogger Flushing, at 1 de abril de 2007 às 00:04  

  • Só uma explicação: quando digo em compará-los à edições passadas, não que isso exista porque selo só sai uma vez, mas para os mais raros sempre sai uma série comemorativa aos X anos de existência. Me refiro à essas séries comemorativas.

    By Blogger Flushing, at 1 de abril de 2007 às 00:54  

  • Já pensei só de brincadeira mesmo. Em ter uma livraria que só vendesse livros da Penguin. Mas eu não seria comerciante e dona de negócio, não. Nunca. Definitivamente, não tenho talento pra ganhar dinheiro.

    Pra falar a verdade, acho que estou na profissão ideal: não vejo ninguém, ninguém me vê, trabalho sozinha, tenho bastante liberdade criativa, muita gente vê o que eu faço, mas ninguém sabe que é meu. O único problema é pagar pouco e não poder parar nunca.

    By Anonymous Anônimo, at 2 de abril de 2007 às 19:52  

  • Digo, é a profissão ideal para o meu conforto, no tamanho certinho da minha covardia. Não é a profissão ideal para o meu enriquecimento e crescimento pessoal e social como pessoa dentro da sociedade. Que fique bem entendido.

    By Anonymous Anônimo, at 2 de abril de 2007 às 22:17  

Postar um comentário

<< Home