Eu estava alucinada de vontade de ir ao Zen@ Café desde que ouvi falar dele, fui ao site, li o cardápio e quase morri de tanto babar. Já sabia que minha escolha na primeira visita seria a torta de alcachofra, abobrinha e tomate acompanhada de salada e coalhada. Primeiro, porque torta salgada com salada é uma das combinações que eu mais amo almoçar. Depois, porque eu instantaneamente visualizei coisas desse tipo.

Eu estava de bom humor porque era um almoço hermanal que eu já vinha planejando há dias e não liguei tanto quando meu pedido chegou completamente desvirtuado da descrição do cardápio. Mas agora me subiu uma raiva, uma raiva misturada com desânimo, um desânimo certamente advindo do meu esnobismo culinário, mas ainda assim um desânimo raivoso justificado. Porque em vez de uma torta italiana e fresca e viva de alcachofra, abobrinha e tomate, me serviram uma espécie de torta-palmirinha-alô-dona-de-casa com seleta de legumes Jussara, e requentada. Tinha batata, vagem, cenoura, mais cenoura, ainda mais cenoura, alho-poró, berinjela e abobrinha, tudo em cubinhos microscópicos num coágulo de creme e ovo. E a coalhada, então? "Genovesa", até, a prometida? Tripinhas brancas sobre a salada que não somavam uma colher de chá. Ainda que tivesse gosto, seria impossível sentir.

Eu falei com um garçom, que chamou outro garçom, e os dois tentaram me convencer de que aquele não era um prato totalmente diferente do que estava no cardápio, que ele só tinha vindo com "mais coisas", como se eu devesse ficar agradecida por pedir alcachofra e ganhar bastante cenoura de brinde (e nenhuma alcachofra). Depois arregalaram bem os olhos de surpresa e me agradeceram de coração por lhes dar esse importante toque, mas o gosto de má-fé ficou. Eu tinha vontade de provar o cardápio inteiro, mas desconfio que o cardápio inteiro seja um grande embuste. E estou com raiva.

Vou ter que fazer eu mesma uma torta da Tartine pra me consolar.