nervocalm gotas

14 de maio de 2008

Não sei bem por quê, mas acho que é coisa de família: minha fala é categórica e superlativa. E isso é muito, muito irônico, porque no âmago do imo eu não acredito em verdades e estou no pólo oposto da efusão. Fato é que sempre ouvi as palavras radical, rígida e inflexível dirigidas a mim, quando é muito, putz, o contrário. Posso ter tido uma fase assim na típica arrogância despistada da adolescência, mas eu não sou assim. Entretanto, minha escolha de palavras e meu jeito de me expressar - talvez aliados a meu baixo ponto de frustração - continuam passando essa impressão. Durante a vida, já ouvi muitas vezes 'tenho medo de você' ou 'fulano tem medo de você'. É triste, vou te contar, continuar ouvindo isso até hoje, hoje que sou uma massa podre farelenta relativista dos infernos.

Minha própria cara-metade ainda não se acostumou com meu jeito de falar. Quando me conheceu, por escrito, ele me imaginou uma 'punk raivosa'. Me viu, não era nada disso. Nove anos juntos, cada vez menos. Mesmo assim, ele às vezes me olha cabreiro e enxerga um coturno na minha alma. E é claro que me brotam as lágrimas, porque se coturno houvesse, eu estaria bem melhor, aposto.

Qual a razão deste post? Nenhuma. I'm just fucking tired. Cansada principalmente de mim e da merda que eu fiz da minha vida. Desculpaê quem leu.

11 Comments:

  • Nossa.

    Ontem eu tava conversando sobre isso, tentando entender, porque é muito cansativo mesmo. Até meu médico, o dr. House, me falou essas coisas.

    =zinho.

    By Blogger Alechandra com X, at 14 de maio de 2008 às 11:23  

  • Olá

    Eu li o seu post e vou falar o que sinto desde que comecei a ler seu blog por indicação lá no blog da Carrie.

    Sinceramente, eu te acho uma das pessoas mais inteligentes que possui blog. De verdade mesmo.

    Você fala o que sente e como vê o mundo.

    E, saiba que eu me sinto a pessoa mais normal do mundo quando a leio porque você fala das suas frustrações e das coisas que te acontecem.

    É estranho você ler isso talvez, porque pode passar assim pela sua cabeça:

    - Ah, mas ela gosta de me ver triste ous e alegra com essas coisas que acontecem.

    Pelo contrário. Eu torço para que você encontre uma casa legal, vizinhos legais.

    Mas, sabe Bel, nem todos os dias o mundo é azul. E em muitos blogs ninguém mostra o lado cinza das coisas.

    Jung fala que nós devemos conhecer nossa luz e nossas sombras.

    E aqui no seu blog eu aprendo a trabalhar esses dois lados sem precisar esconder nada.

    Eu adoro a realidade do seu blog e tudo o que há de bom nele.

    E olha que um dos dias que eu mais dei risada foi num post seu muito antigo de propaganda de champagne comparado a caracú.

    Sempre me lembro daquele dia e dos aparelhos como Sefezbem.

    Enfim, o que quero dizer é que gosto de você do jeito que você é.

    E saiba que seu blog parece uma pintura do Miró.
    Beijos

    Alê

    By Anonymous Anônimo, at 14 de maio de 2008 às 11:40  

  • Xis, você também? É, faz sentido. Eu me lembro daquela confusão toda em que te meteram no passado, me lembro do povo ensandecido falando de você, e eu só pensava "mas... mas... ela não é nada disso!" É fueda.

    Alê, obrigada por tudo isso. Obrigada por falar que riu do postzinho do champanhe e da caracú. Sempre foi um dos meus preferidos. :) Na verdade, na verdade, eu gostaria de só mostrar esse lado engraçado, gostaria de ter um blog só divertido, mas... ele é o que é. Você tem um jeito muito carinhoso de falar que tem me feito muito bem nesses dias de argh. Um beijo também e obrigada.

    By Anonymous Anônimo, at 14 de maio de 2008 às 15:34  

  • Ô Nervo, que ruim te ver assim.
    Se pudesse te dava colo.

    :*

    By Anonymous Anônimo, at 14 de maio de 2008 às 18:07  

  • Flushing, está dado. Daqui a pouco passa. :)

    By Anonymous Anônimo, at 14 de maio de 2008 às 18:17  

  • óquei, é bom saber que não sou a unica radical e inflexível solta pelo mundo, mas mais ainda que a gente sabe reconhecer que tem alma por baixo dos nossos muros e que só alguns privilegiados têm acesso a ela. Be well.

    By Anonymous Anônimo, at 14 de maio de 2008 às 22:30  

  • Mas eu não sou radical e inflexível, má. Nada, nadinha, nadica. 'Brigada pelo well-wish.

    Vocês também fiquem bem, viu?

    By Anonymous Anônimo, at 14 de maio de 2008 às 23:58  

  • Uai, guria. Pois tu sabe, vivente, a maioria das pessoas pensa que sou uma criatura skinhead radical (só que com cabelo - ainda, pois está caindo todo) e total psicopata que come fígado de velhinhas indefesas. Não dá para falar sobre a vida como ela é, a não ser Nelson Rodrigues Style, porque pootaria e chinelage daí pode.

    E o pior é que sou uma voz no ralo que diz para oferecer flores, e nem precisa de Impulse. Sigh.

    Eu amo ler aqui. Me sinto menos sozinha, se é que uma self-defined loner tem esse direito.

    By Blogger isabel alix, at 15 de maio de 2008 às 11:17  

  • Assim, eu não tenho medo de você, não. Nunca tive. Não, que eu me lembre. Quer dizer, eu tive numa época, na época em que menos ouvi qualquer coisa de você ou a seu respeito. Superei. :)

    Mas devo concordar que seu discurso é categórico, firme, e nem um pouco parecido com o de alguém tão multi, multi(qual seria a palavra?).

    E, sabe, no final das contas acho que isso é uma característica das pessoas multi(qual seria a palavra?), que são cheias de argumentos porque conhecem os vários lados das questões, se interessam pelas opiniões alheias, refletem e adotam ora um, ora outro, porque se permitem amadurecer em fases. Sei lá.

    Um beijo.

    By Anonymous Anônimo, at 15 de maio de 2008 às 22:23  

  • Belly, eu sei como é. Eu me sinto menos sozinha lendo gente nas internets também. Às vezes também me sinto mais sozinha, mas é.

    Ciça, você ainda pegou minha fase mais categórica, mas aquilo passou. Eu não me importo com as conclusões que tiram sobre mim as pessoas que não me conhecem, mas quando as que me conhecem continuam me vendo daquele jeito que eu era aos 15 anos, aí dói um pouco. Aí eu só peço pra acreditarem na minha palavra mesmo: "Ó, pode parecer que eu sou assim, mas não sou. Confia." Beijo grande.

    By Anonymous Anônimo, at 16 de maio de 2008 às 00:06  

  • nossa, me identifiquei tanto...

    By Blogger rnt, at 4 de junho de 2008 às 19:31  

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