Eu e Bolops brincamos às vezes com as pessoas: "Ih, mas nós somos muito chatos. Vocês nem imaginam que vida chata nós levamos. Uma pasmaceira só. Sério, somos as pessoas mais chatas do universo, você nem imagina." E a gente se olha e ri.
Mas outras vezes eu me dou conta de que é verdade. Grande parte disso é verdade. A gente se basta, cada um sozinho, e a gente ri muito um com o outro, mas é nesse mesmo se-bastando confinado. Fora isso, eu vejo que a chatice é real. E aí fico melancólica. O que me deixa mais chata ainda.
É muita gente viva e curiosa e fazendo coisas ao meu redor (=na tela do computador). Por que é que eu nunca fui assim?
Mas outras vezes eu me dou conta de que é verdade. Grande parte disso é verdade. A gente se basta, cada um sozinho, e a gente ri muito um com o outro, mas é nesse mesmo se-bastando confinado. Fora isso, eu vejo que a chatice é real. E aí fico melancólica. O que me deixa mais chata ainda.
É muita gente viva e curiosa e fazendo coisas ao meu redor (=na tela do computador). Por que é que eu nunca fui assim?
mais um chororô de bel seslaf .
10:35 PM
13 Comments:
Gente fazendo coisas, né?... Ai um dia vc descobre que essas coisas tããão importantes que as pessoas fazem tanto não obturam o nonsense que é viver. Dá no mesmo, fazer e não fazer. Já estive dos dois lados dessa moeda indigesta.
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RAINHA MAB, at 13 de março de 2008 às 01:23
rainhamab come moedas?
:P
mas o que eu ia dizer é que acho tão confortável, olhando assim daqui, essa posição de acolher a chatice. uma vida lutando contra, querendo não parecer, enchendo a vida de "compromissos" (formais ou não) pra não parecer chata, sabe? muita fadiga que me dá. e resultado nenhum, porque a pessoa ela mesma no cantinho do juízo sabe, né. que é chata sem remédio, digo.
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Rainman Raymond, at 13 de março de 2008 às 09:40
As pessoas fingem vidas interessantes (na tela do computador) :)
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Anônimo, at 13 de março de 2008 às 10:46
Todos com mensagens animadoras, né? Obrigada, meu povo. Mas isso não alivia meu senso de profunda chatice. A vida é chata e eu também.
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Anônimo, at 13 de março de 2008 às 13:22
É impressionante como me identifico com você. Mesma profissão, mesmos queixumes (ou chororôs, como você prefere), mesmo bairro de SP e até uma relação muito parecida com o namorado e com ele em relação às outras pessoas. Quando ainda morávamos juntos, nos divertíamos imensamente assistindo Monty Python com o laptop no colo, enquanto lá fora os idiotas curtiam a noite de sábado fazendo o que quer que os idiotas façam de sábado à noite.
Beijinhos.
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Anônimo, at 13 de março de 2008 às 14:11
Linha, é bem 'nos divertindo imensamente com o laptop no colo assistindo Monty Python' mesmo que nós somos. E :). Obrigada por me fazer reenxergar a doçura da coisa. Outro beijo.
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Anônimo, at 13 de março de 2008 às 16:23
E eu completaria o Horácio para dizer que fora dela também.
É um chatume sem fim, e eu desconfio que mesmo que nos fosse dado todo o tempo e as condições de fazermos "o que queremos", ela acabaria parecendo chata anyway.
O que dá gosto à vida são os entremeios.
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Cam Seslaf, at 14 de março de 2008 às 17:27
Essa vida a dois com laptop no colo é nutritiva - e doce até - mas ... e aquela gente que tem um milhão de amigos, todos legais e interessantes, freqüentando a casa? Cara, gente que recebe em casa me dá uma inveja. Porque eu tenho uma preguiça doentia e inexorável de receber. Eu não posso nem pensar que no meu sagrado tempo de descanso e ócio eu vou ter que conversar, ser espirituosa, servir comidinhas e bebidinhas... No entanto, tem quem faça isso com muito gosto, com muito jeito. E a vida deles parece tão mais bem aproveitada...
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Cláudia, at 14 de março de 2008 às 19:14
Irmã, pode ser. Recaída melancólica, só.
Cláudia, eu também mil vezes. É talvez a última coisa que eu gostaria de fazer na vida, mas também tenho inveja de quem faz.
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Anônimo, at 14 de março de 2008 às 19:23
Porque algumas pessoas são...lúcidas? Sinceras?
Entrei aqui pra responder e todo mundo já disse tudo que eu queria dizer.
Preciso muito concordar com Cláudia. Eu tb tenho inveja de gente que "recebe em casa". E de gente que "cozinha para os amigos?". Nossa, muita preguiça. Muita.
Eu tenho vergonha de ser chata. Não é q eu sofra com isso, mas eu tenho vergonha.
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Carrie, a Estranha, at 17 de março de 2008 às 11:43
Eu também tenho vergonha, Carrie. Tenho vergonha, por exemplo, de saber que sou a chata pras minhas vizinhas ridículas, burras, vulgares e sem educação, que estavam ouvindo música alta, gritando e pulando no chão à meia-noite, me obrigando a tocar a campainha delas cinco vezes pra tentar uma argumentação. Tenho vergonha porque elas responderam: "Ai, mas é sexta! Vem dançar!"
Shoot me, é tudo que eu tenho a dizer dessa vida.
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Anônimo, at 17 de março de 2008 às 21:24
comigo tudo igual. chato. e este lance de receber em casa? eu quase que proíbo as pessoas de virem na minha casa.
eu, meu namorado, tv, laptop, livro, trabalho (a maior parte do tempo em casa). maior diversão: almoçar fora. eu e meu namorado. só. e sempre almoçar (e cedo) para não encontrar ninguém.
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Anônimo, at 24 de março de 2008 às 19:40
Amei o post - me identifiquei tanto...
Eu e o marido adoramos ficar em casa, vendo filminho, deitadões no sofá, rindo, falando asneira um pro outro, fazendo palhaçada (ele às vezes faz até os passinhos do Michael Jackson, o moonwalk, me acabo de rir). E não precisamos de mais ninguém, somos felizes assim. Que bom saber que não sou tão anormal. :)
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Patricia Scarpin, at 27 de agosto de 2008 às 16:35
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