Na livraria, eu era responsável pela seção de literatura, e posso garantir a vocês que as duas perguntas que eu mais ouvia eram
- Tem o último da Zíbia?
e
- Onde ficam os livros técnicos?
Eu ria muito... da segunda. Me dava vontade de responder
- Técnicos de engenharia? medicina? direito? mecânica? jardinagem? música? robótica? xadrez?
Mas, infelizmente, nem dava pra me divertir tanto. Fosse qual fosse a área procurada e não-dita, os livros técnicos sempre ficavam
- Ali na outra loja.
(a seção de literatura ficava numa lojinha à parte)
Enfim, um dia entrou lá um sujeito alto, camiza xadrez, jeito de rapaz direito e das exatas. Batata.
- Onde ficam os livros técnicos?
- Ali na outra loja. - e apontei.
Ele balançou a cabeça, deu uma parada, olhou as prateleiras e perguntou
- Aqui é o quê?
- Literatura.
- Ah! - e já saindo - Diletantismos, diletantismos...
É. Pois é. Não é que o moço dos diletantismos voltou pra me assombrar hoje? Suas sapientíssimas palavras ecoaram sem parar na minha cabeça enquanto eu ouvia a palestra sobre emigração para o Canadá e me dava conta da total inutilidade dos meus interesses e habilidades para uma vida assim adulta, produtiva e aproveitável. Do desperdício que foi minha faculdade e o nunca ter trabalhado na minha área de formação. E de como eu valho pouco perto de quem fez tudo nos conformes - faculdade tradicional de uma carreira tradicional para um emprego tradicional. Eu olhava pra Bopla e pensava "que país vai querer a gente, Bopla, com as minhas palavrinhas e as suas musiquinhas?" Puro diletantismo, isso. Aqui e lá fora.
Quem mandou?
- Tem o último da Zíbia?
e
- Onde ficam os livros técnicos?
Eu ria muito... da segunda. Me dava vontade de responder
- Técnicos de engenharia? medicina? direito? mecânica? jardinagem? música? robótica? xadrez?
Mas, infelizmente, nem dava pra me divertir tanto. Fosse qual fosse a área procurada e não-dita, os livros técnicos sempre ficavam
- Ali na outra loja.
(a seção de literatura ficava numa lojinha à parte)
Enfim, um dia entrou lá um sujeito alto, camiza xadrez, jeito de rapaz direito e das exatas. Batata.
- Onde ficam os livros técnicos?
- Ali na outra loja. - e apontei.
Ele balançou a cabeça, deu uma parada, olhou as prateleiras e perguntou
- Aqui é o quê?
- Literatura.
- Ah! - e já saindo - Diletantismos, diletantismos...
É. Pois é. Não é que o moço dos diletantismos voltou pra me assombrar hoje? Suas sapientíssimas palavras ecoaram sem parar na minha cabeça enquanto eu ouvia a palestra sobre emigração para o Canadá e me dava conta da total inutilidade dos meus interesses e habilidades para uma vida assim adulta, produtiva e aproveitável. Do desperdício que foi minha faculdade e o nunca ter trabalhado na minha área de formação. E de como eu valho pouco perto de quem fez tudo nos conformes - faculdade tradicional de uma carreira tradicional para um emprego tradicional. Eu olhava pra Bopla e pensava "que país vai querer a gente, Bopla, com as minhas palavrinhas e as suas musiquinhas?" Puro diletantismo, isso. Aqui e lá fora.
Quem mandou?
mais um chororô de bel seslaf .
6:52 PM
4 Comments:
"...total inutilidade dos meus interesses e habilidades para uma vida assim adulta, produtiva e aproveitável". Wow, story of my life.
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Anônimo, at 14 de abril de 2007 às 18:30
Triste, né? Mas por outro lado, liberating.
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Anônimo, at 15 de abril de 2007 às 17:49
E de como eu valho pouco perto de quem fez tudo nos conformes - faculdade tradicional de uma carreira tradicional para um emprego tradicional.
Ah. Sei. Tipo irmão que fez Medicina. Acontece comigo.
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A Dona do Bloguinho, at 16 de abril de 2007 às 17:47
Cara, eu tava deprimida. Aí eu li isso. Resolvi comentar. Aí vi que a Cynthia já tinha feito o primeiro comentário que eu tinha pra fazer. Respira. Fuuuuuuuuundo. Aí vi que a dona do bloguinho fez o segundo comentário que eu tinha pra fazer. Respira. Muuuuuuuito fuuuuuundo. Tá, então vou de variante: Ah. Sei. Tipo irmã que fez Administração. Acontece comigo. Aí fiquei mais deprimida. Pelo menos não tô sozinha. Então, meninas, já que estão no mesmo barco que eu: será que é hora de ouvir a tia/prima/avó/amiga ou o que seja que não faz nada, nuca leu um livro mas mora em um ap de 200m quadrados e seguir seu conselho único (case, querida, mas na hora de escolher lembre-se: no money, no honey)? É isso??? Vou me afogar um pouquinho ali na pia e já volto...
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Priscila Andrade Cattoni, at 20 de maio de 2007 às 02:20
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