nervocalm gotas

29 de fevereiro de 2008

Gente, que legal, fazia tanto tempo que eu não via um dia 29 de fevereiro. Tão bonito, vintinove. Tão mais ímpar. Fora que deu pra encaixar $250 a mais no fechamento do mês graças a ele. Obrigada, hein?, ano bissexto.

Mudando totalmente de assunto, se eu tivesse um prato decente que fosse, eu fotografaria todas as comidas que eu faço. Estou começando a querer comprar um. Dois, vai.

Hoje eu comi aspargo. Aspargo é dessas coisas. Quando o produto líquido sai de mim, fico achando que talvez não valha a pena, que aspargo é bom, mas nem tanto. Aí, vou na feira, vejo um maço e não resisto. Hoje, a noite vai ser interessante.

Alcachofra. Alcachofra eu já decidi que não vale a pena comprar, desculpa, só mesmo comer fora. Não tem nada mais frustrante de preparar. Tentei duas vezes e tchau. Mas continuo te amando, alcachofra, mesmo assim. Vez em quando, quando eu fizer por merecer, vou te comprar da Bonduelle, limpinha e congelada, vinte reais o saquinho.

De repente me lembrei que amanhã é sábado e eu jurei não trabalhar. Me bateu um certo pânico.

28 de fevereiro de 2008

Deu alguma coisa no ar de São Paulo hoje que aumentou o número de idiotas na rua. Só pode. Foi um recorde de carros passando com funk no último volume ao longo do dia. Acabou de passar mais um. Idiota. Bopla comentou que está torcendo pro inverno chegar logo e todo mundo ficar triste. Não sou tão otimista.

Esse povo desperta o pior em mim. Me faz escrever bosts chamando os outros de idiota. Não gosto, não pensem que gosto, mas eles fazem isso comigo. Outro dia, funk insuportável, fui olhar pela janela e vi um espécime. Ele parou o carro no posto, uma Brasília velha verde ou Variant, desceu sem camisa, deixou a porta aberta pra compartilhar o mau gosto, distribuiu umas cervejas pros frentistas, que fizeram uma rodinha animada, virou uma lata em três goles, voltou pro carro e saiu dirigindo.

Agora vê se.

Nesse dia me deu vontade de sair fotografando todos eles, abrir um site especial e intitular "idiotas: reconheça um".

Eu detesto esse meu lado. Detesto escrever assim. Mas a culpa é deles.

resoluções de fim de semana
(porque sou realista)


1. não trabalhar

2. ir à loja de tintas (repare que comprar tinta pode ficar pra outro dia)

3. entrar em contato com as duas entregas de cesta orgânica pra escolher a melhor

4. comprar papel contátchi (isso ainda existe?) pra encapar meus dicionários que estão desmilingüidos (encapar, fatalmente, também ficará pra outro dia)

5. não trabalhar

6. não trabalhar

7. não trabalhar

8. passear um pouco, pô

9. torcer pra não acordar com dor de cabeça depois de 14 horas de sono

Vem cá, jornalista acha que músico não pode envelhecer? Não pode passar do quê, 35 anos? Todas as notícias de shows internacionais que não sejam de bandas novas ou de garotinhos, todas, absolutamente todas, têm a mesmíssima manchete:

Velhos vêm tocar no Brasil


Isso é mesmo necessário? Porque torra um pouco o meu saquinho.

27 de fevereiro de 2008

Eu indo mostrar o buraco disforme na tampa do seca-salada:

- Olha, Bolops. Parece um ghost tentando spook someone.

Tá feia a coisa.

26 de fevereiro de 2008

Sabem aquela my name is Luca, i live upstairs from you? Pois é, acho que é o caso, hein? Tá lá o pai gritalhão de novo: "Não acredito! Não acredito! nãodeupraouvirdireito no chão! Vou mostrar pra vocês! É o cacete!" Daqui a pouco o moleque começa a gritar chorando: "Não, pai, não!"

Que que a gente faz numa hora dessa?

[updt: hoje o menino não gritou. só mesmo o pai.]

E no sétimo dia, ela cagou. No cabelo, digo.
Foi desfiar um pouco mais, desfiou a mecha errada.
Mas não há de ser nada, que cresce.

E numa nota relatada: tô gostando dessa semana não.
Dá pra dá um fast-forward?

25 de fevereiro de 2008



www.someecards.com

Time to withdraw. Again.

Às vezes, também faz mal ler blog.

(inaugurando nova seção: pérolas do óbvio ou jura?)

Outra coisa que eu queria ser são as páginas de favoritos de algumas pessoas do Flickr, onde todos os thumbnails são suaves, diáfanos, meio vazios, serenos... Ãã, esquece.

23 de fevereiro de 2008

heaven
i'm in heaven
and my heart beats so
that i can hardly speak
or perhaps it's just the chunk
inside my cheek
as i chomp my pumpkin pancakes
bit by bit


22 de fevereiro de 2008

Essas coisas de eleger melhor isso, melhor aquilo... Ai, preciso parar de ver essas coisas. Duas sobre SP esta semana me deixaram em estado de mas-não! por horas, acho que porque dá vontade de pegar os eleitores pela mão e dizer: "Não, fulano, não. Isso aí que você elegeu é de uma chochice só. Isso aqui que é bom, ó. Aprenda." Não sei o que me dá. É ridículo perder tanto tempo remoendo uma besteira dessas na cabeça.

A primeira foi ouvida na CBN, num quadro fixo que fala dos 'melhores das cidades'. Foram eleger o melhor sanduíche de SP. Parem um pouco pra pensar nas possibilidades que o formato sanduíche oferece. Parem um pouco pra pensar no tamanho da cidade de SP. Pronto? Melhor sanduíche de SP segundo eles? Frevo. ... Fre-vo? ... Pra quem é de fora, o Frevo é uma lanchonete tradicional que faz beirutes (ou beiruths, pra eles), que começam do simples rosbife e queijo e partem para os complexos rosbife-queijo-presunto, rosbife-queijo-presunto-ovo, rosbife-queijo-presunto-ovo-bacon, rosbife-queijo-presunto-ovo-bacon-frango-pernil-filé-batata-frita. E difícil escolher. Mas o cardápio sem imaginação não é o único problema. A execução, se for pra dar título, só merece mesmo o de 'tradicional'. O fato é que se você quiser comer 'o melhor sanduíche de SP', basta descer na padaria, comprar queijo, presunto e o pão sírio que tiver, cortar uma fatia de tomate e salpicar orégano seco e pronto. O melhor sanduíche de SP é aquele que qualquer um faz em qualquer casa. Mas no Frevo tem título e custa quase 20 reais. Não é ruim, vejam bem. Estive lá faz pouco tempo. Mas ou esses eleitores votaram no primeiro nome que lembraram, ou não têm a menor competência pra julgar comida. Vão abrir um cartório, meus filhos.

A segunda foi hoje na Folha. Melhor cinema de SP? Frei Caneca Arteplex. Nem vou falar nada, viu? Acho que o povo já esqueceu como era pra ser um cinema.

21 de fevereiro de 2008

Minha cabeça, meu raciocínio, minha produtividade estão seriamente comprometidos há três dias graças à sobra de purê de abóbora que está na geladeira e que eu pretendo incorporar a uma massa de panqueca americana amanhã (já fiz isso antes) pra comer com muita manteiga e me consolar de todas as mágoas passadas, presentes e futuras. Não consigo pensar em mais nada.

19 de fevereiro de 2008

Essa pessoa faz dois meses hoje. Como é que pode?



Semana passada ela estava sorrindo pra mim e deixando seu cheirinho nas minhas roupas. Agora, está a mil quilômetros de distância. Vocês acham isso justo?

(aposto que a outra tia vai aparecer nos comentários gritando ACHO!)

Eu sei que a foto tá sem foco, mas não ligo. É a foto mais delícia que eu tenho, porque ela estava fazendo essa cara pra mim! Quer com foco? Então tá.



She's my thing of beauty from now on.

Quando era pequena, eu tinha cheiro de bolacha maria. Pelo menos era o que eu achava, cheirando meu braço o tempo inteiro. Claro que a vida castiga e tira esses cheirinhos da gente, mas deve ser por causa dessa memória olfativa que eu amo tanto este sabonete. Porque é o complemento perfeito. É leite com bolacha.

Não é propaganda, hein? É que, domingo, achei um frasco numa farmácia aqui perto (não é tão fácil de achar) e voltei com ele pra casa toda feliz, suspirando.

18 de fevereiro de 2008

do nada

Enfim fui lá e fiz. Me pus na frente do espelho munida duma gilete e cortei meu cabelo sozinha. Sei que vou passar o resto da semana ajustando aqui ali, mas, quer saber?, deu muito certo.

Três coisas que eu tinha pra fazer no começo do ano: pintar a parede da janela de vermelho e pôr cortina, escolher um serviço de entrega de cestas orgânicas, e mandar curríc(láláláláláááá tapa os ouvidos e canta bem alto). Nem uma, nem duas, nem três.

Tenho fases de perder completamente o controle do meu tempo. Eis uma.

Quando chego na janela da sala, dá pra ouvir os chuveiros ligados no prédio ao lado. Uma das minhas vizinhas de parede fala MUITO ALTO e sai com um inglês bem mais velho, quando não está combinando outrasbalada no telefone. Bloaps já diz que ela é. Bloaps não vê que eu também saí com um uruguaio inglês bem mais velho.

Eu adoro a rua Fabrício Vampré.

16 de fevereiro de 2008

Sempre achei que guns don't kill people - people do era um bordão-argumento de uma cretinice ímpar. O Brasil até importou a joça, é lóóógico, praquele referendo que não acompanhei muito bem porque ia votar nulo de qualquer maneira (sou contra referendos e contra voto obrigatório). Sempre que eu lia sobre mais um tiroteio em escola/trabalho nos EUA, me vinha na cabeça guns don't kill people, e da minha boca saía um pfff. Mas agora isso mudou. Ouvi sobre o caso novo no Illinois e a primeira coisa em que pensei foi: Eddie Izzard, de batom, fazendo o macaco armado na casa do Charlton Heston. E aí eu pensei no tal referendo e em todas as campanhas e debates que devem ter rolado. Quanta perda de tempo. Pra que debate? Era só alguém chegar e fazer isso.

A comédia, minha gente, desbanca qualquer filosofia.

14 de fevereiro de 2008

Eu gosto de pensar que essa parte humorada e leve e nonsênsica, descoberta muito tarde, poderia ter predominado. Eu gosto de pensar que eu poderia ter sido uma palhaça. E que essa melancolia toda é só a decorrência de ter nascido cômica num ambiente tão sem comédia. No fundo eu sei que. Mas me conforta pensar assim. Me conforta pensar que tem uma outra pessoa em mim que eu poderia ter sido.

A thing of beauty. I need it.

12 de fevereiro de 2008

Estou realmente precisando daquele grilo-falante agora, nesse momento, ontem. Mas entrei errado na fila, ou entrei na fila errada. Então, no soup for me.

Várias vezes, no trabalho, eu penso numa tradução nova e bacana pra termos ou expressões com traduções já meio estabelecidas e nunca vacilo em usar. Se o revisor estranhar, que mude, não me importo muito, apesar de já ter lamentado o veto algumas vezes. Eu parto do princípio de que minha função é sugerir. Quando tenho uma sugestão melhor pro que vejo por aí, eu dou.

Recentemente eu me toquei de que minha faxineira faz a mesma coisa. Ela vive deixando sugestões arrumatícias pela casa. Sem falar nada, ela decide que a peneira deve ser guardada com os plásticos, não com as panelas, ou que a mesa não ficou boa encostada na parede, e desencosta uns centímetros.

A sugestão mais bem-sucedida que ela já deu foi exibir nossas bonequinhas russas na cômoda que ficava logo na entrada do apartamento mais antigo. Eu achei tão fofo quando vi, que mantive a mesa limpa de bagunça por meses e meses a fio, acho que até nos mudarmos de lá. (Bagunça é um caso sério neste lar.) A sugestão mais insistente e repetidamente rejeitada é pôr o papel higiênico virado pra dentro, coisa que me irrita. Já notei que faxineiras gostam de pôr o papel higiênico virado pra dentro. É um fenômeno que eu gostaria de pesquisar mais a fundo.

Eu gosto muito da Sandra. Tenho muita vergonha dela. E culpa de estar aqui enrolando e entulhando pra depois ela arrumar. Mas um dia eu aprendo. Não perdi ainda a esperança de ter uma casa decente um dia.

Nem eu estou agüentando minha chatice ultimamente.

11 de fevereiro de 2008

Pronto, encerrei minha fase Carolas Gone Wild ontem vendo Hell House, que custou muito a baixar. Eu até esperava rir, mas nem dá, viu? É um problema grave de raciocínio lógico que essa gente tem. Se não ausência. O que eu não perdôo nas religiões, acho que desde criancinha, é essa luta inclemente contra o pensamento, a independência e a autonomia. E também me emputece essa insistência de seqüestrar a moral pro campo da religião. Eu prefiro um mundo de indivíduos a um mundo de grupos, e estou convencida de que a moralidade nascida da razão é infinitamente superior à moralidade imposta pelo medo e pela obediência, que é a tática da Hell House e de tantos coleguinhas cristãos.

Ui, que séria. Passou.

9 de fevereiro de 2008

Por outro lado, achei a versão antiga do Diamond Mine que eu adorava jogar. Então, estou feliz.

Então, eu ia avisar que ontem tinha um programa legal no GNT, do Louis Theroux com a família Phelps, The most hated family in America, mas não avisei. Foi engraçado ler no jornal que ele ia passar, porque há coisa de duas semanas, não mais, passei uns dias obcecada pelos Phelps. Horas de iutube que nem te conto. eMule pra baixar o Theroux. Explico o processo: vi uns documentários sobre Darwin que Bopla baixou, e daí outro sobre a resistência à teoria da evolução, e daí outro sobre a espertalhice do design inteligente, e daí pra me esbaldar com criacionistas loucos e demais cristãos delirantes foi um passo. De quando em quando, eu me obceco (estou propondo essa forma verbal) pelo tema ultraconservadorismo religioso. Is like a drug, meu! Pura psicodelia.

Enfim, pra quem, como eu, gosta às vezes de andar em trem-fantasma e se interessa por grupos mínimos de pessoas com cara de bicho-papão que falam besteira em nome do Deus no cu dos Estados Unidos sem qualquer repercussão pra sua vida, é um programão, o do Louis Theroux, que já passou.

Ó, se eu tivesse lido este post em outro blog, ia achar a pessoa um porre. Sabe o que é? A gente ouve tanto deuspralá-deuspracá em silêncio, que uma hora dá vontade de exercitar a chatice. Não existe, porra. Desculpa aê. Tudo de bom pra você também.

É isso. Estou me sentindo chata e vou me permitir. Sendo que Vou Me Permitir = título de música do Ivan Lins.

8 de fevereiro de 2008

I should not talk so much about myself if there were anybody else whom I knew as well. Unfortunately, I am confined to this theme by the narrowness of my experience.

Comecei a ler o Walden hoje no ônibus. De Higienópolis pra cá, só 13 páginas. Mas já vi que, das duas, uma: ou ele vai ser um dos livros da minha vida, ou vai descambar pro misticismo que já estragou, pra mim, tantos livros gostáveis. Já senti um cheirinho. E, catso, não há um neurônio místico sequer no meu cérebro. Nada.

6 de fevereiro de 2008

Eu falei 'preciso sair mais'. Ele entendeu 'preciso conhecer gente'. Assustei. Não é possível fazer a primeira coisa sem a segunda? Senão, vou ficando. Mas, aiaiai, por que assim? Tive que ver gente no carnaval. Se não tivesse ido, a culpa me matava. Fui, senti que fiz boa ação. Que que eu penso que eu sou? Shoot me. Tive também que comprar presente pra minha irmã que eu amo, mas amo muito mesmo, e como sofri. Ainda sofro. É um bloqueio horrível. Dessa vez vou culpar a mãe, vou sim, que ela dizia 'não, não quero, não me dêem presentes', sempre. Se ganhava, fazia cara de reprovação; se não ganhava, silêncio e drama. Não dava pra ser feliz. Detesto, detesto datas. Vira esse sofrimento bobo. Ainda sofro. Procurando e ouvindo todas as faixas do disco que eu dei, e adorando, mas tendo certeza de que ela vai odiar, ela vai vomitar, ela vai pensar 'que que ela tava pensando?!'. Simplesmente ridículo. Ridículo em face de tudo, das nossas vidas, da enormidade das coisas que estão acontecendo, do nosso amor, das lembranças que me vêm enquanto ouço cada uma dessas faixas que escolhi pra ela, conhecendo sem conhecer, e só porque. Só porque, Bel.

Eu preciso ser menos pequena.