nervocalm gotas

26 de abril de 2007

Ai, ai, ai, ai, ai. A gente volta de uns dias de paz lá em Brasília pra descobrir que a (?)nova (?)empregada do vizinho de cima resolveu ouvir rádio na maior altura pra dar sua contribuição pessoal à barulheira local. E é tema de novela e Promiscuous Girl sem parar. Por falar nisso, mais uma bites the dust, hein? De i'm like a bird pra promiscuous girl rebolante. From crayons to perfumes, sempre, num loop infinito. Santa depressão, meninas.

13 de abril de 2007

Ando tendo umas dores de cabeça estranhas e umas sensações de febre sem febre e elas recomeçaram agora à noite e pensei: "Se eu morrer de hoje pra amanhã, minhas últimas palavras escritas serão 'eu amo o prefeito Kassaba'." Não seria trágico?

Eu já estava adorando ver a cidade meio fantasma, com as fachadas vazias e sem propagandas gigantes nos prédios. Agora, Bopla volta da rua dizendo que viu um caminhão da guarda metropolitana recolhendo tudo que é mesinha de boteco das calçadas aqui da rua. Gente, eu acho que eu amo o prefeito Kassaba.

Na livraria, eu era responsável pela seção de literatura, e posso garantir a vocês que as duas perguntas que eu mais ouvia eram

- Tem o último da Zíbia?
e
- Onde ficam os livros técnicos?

Eu ria muito... da segunda. Me dava vontade de responder

- Técnicos de engenharia? medicina? direito? mecânica? jardinagem? música? robótica? xadrez?

Mas, infelizmente, nem dava pra me divertir tanto. Fosse qual fosse a área procurada e não-dita, os livros técnicos sempre ficavam

- Ali na outra loja.

(a seção de literatura ficava numa lojinha à parte)

Enfim, um dia entrou lá um sujeito alto, camiza xadrez, jeito de rapaz direito e das exatas. Batata.

- Onde ficam os livros técnicos?
- Ali na outra loja. - e apontei.

Ele balançou a cabeça, deu uma parada, olhou as prateleiras e perguntou

- Aqui é o quê?
- Literatura.
- Ah! - e já saindo - Diletantismos, diletantismos...

É. Pois é. Não é que o moço dos diletantismos voltou pra me assombrar hoje? Suas sapientíssimas palavras ecoaram sem parar na minha cabeça enquanto eu ouvia a palestra sobre emigração para o Canadá e me dava conta da total inutilidade dos meus interesses e habilidades para uma vida assim adulta, produtiva e aproveitável. Do desperdício que foi minha faculdade e o nunca ter trabalhado na minha área de formação. E de como eu valho pouco perto de quem fez tudo nos conformes - faculdade tradicional de uma carreira tradicional para um emprego tradicional. Eu olhava pra Bopla e pensava "que país vai querer a gente, Bopla, com as minhas palavrinhas e as suas musiquinhas?" Puro diletantismo, isso. Aqui e lá fora.

Quem mandou?

9 de abril de 2007

Como é bom poder ignorar os feriados. Já estou até esquecendo como as coisas funcionam. Só reparei que estavam vendendo ovos de páscoa no supermercado ontem. Sexta-feira vi pela janela todas as lojas fechadas e pensei 'ué, as coisas fecham?'. Eu lembrava que não tinha aula na escola, mas não lembrava que o mundo adulto também parava. Cogitei comer um sanduíche no Subway e fiquei com medo de me recusarem o rosbife. Mas isso não acontece, não, né? Não fui tirar a prova.

8 de abril de 2007

críticas rabugentas
e o auge da minha verborragia


E ontem foi a vez do Elizabethtown na tv. Pessoas surpreendentes, divertidas, fascinantes, encantadoras, cuti-cuti, se apaixonando. Tão livres, varam a noite conversando no telefone, vão ver o sol nascer, correm descalças pelo cemitério, riem e dançam no meio do nada... Acho que vou explodir de tanto amor e felicidaaaaade! Estava até um bom guilty pleasure pruma noite calma debaixo das cobertas.

Aí, dá uma hora e quarenta de filme e o autor percebe: "Putz, caras! Ainda tem tanta música super legal que eu quero mostrar no filme! E umas sacadas que eu tenho, sabe?, super legais sobre a vida e tal. Vou ter que correr com isso, caras." E em vez de fazer um blog, o autor faz o casal meio que romper por razões que só em Twilight Zone se entende, e a menina-fascinante monta, do dia pra noite, um álbum com roteiro de viagem comentado, ilustrado, cronometrado, com trilha sonora completa pro menino-aprendiz-de-fascinante sair pela estrada e enxergar a verdadeira fascinância da vida. Dá-lhe vinte minutos de playlist e posts disfarçados de filme.

Estou velha. Fantasias adolescentes me aborrecem. Personagens femininas cuja única função é iluminar a tela com sua irretocável fascinância me irritam. Eu detestei Almost Famous por causa disso. Tudo que ficou pra mim foi a fulana entrando em cena pra abrir sorrisos angelicais emoldurados pela aura de luz de seus cachinhos dourados.

É informação demais sobre o autor, gente. Dispenso.


Ah, mas filmes ruins rendem grandes momentos no Rotten Tomatoes. Agradeço ao Elizabethtown pelas risadas deste domingo.

7 de abril de 2007

críticas lacônicas
e um tanto conselhos-de-vó


Maria Antonieta precisava de uma boa reeditada, porque momentos genuinamente bons se perdem no meio de momentos-videoclipe inúteis. A falta de reverência pela época rendeu quinhentos pontos no meu conceito. A quantidade de olhares nobres, resignados e enternecidos no final tirou cem da minha boa-vontade. Vovó aconselha disfarçar um pouco seu afeto pelos temas que você escolhe. Vovó mesma não consegue muito seguir esse conselho. Por fim, é como eu sempre digo: histórias e personagens verídicos trabalham contra o cinema. Mostre-me um filme anos e anos que seja melhor que um filme um dia na vida de e eu hei de negar. Continuo gostando da Sofia Coppola.

4 de abril de 2007

Não é lindo que as embalagens da Panco digam 'muito obrigado!'? Eu acho.

2 de abril de 2007

Estou com umas roupas pra mandar ajustar há mais de um ano. Eu ia hoje, sem falta.

No nosso segundo dia de apartamento, Bopla tirou o espelho de uma tomada pra descobrir por que ela era tão geniosa. Dois anos e dois meses depois, ela continua escancarada.

Deu um bicho no pote onde eu guardava farinha de trigo. Arrumei outro pote e, muitas farinhas depois, continuo ignorando a existência do antigo no fundo do armário.

Mandei fazer dois óculos em setembro do ano passado. Um deles precisa de ajuste. Há seis meses ele espera ir à ótica, confinado em sua caixinha.

A vida vai passando, passando, passando. E eu vou ficando, ficando, ficando.